Crônica: A relação face a face e mais de um milhão de amigos

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Por: Sérgio Sant’Anna*

Os escritores e cronistas, Antônio Prata e Giovana Madalosso trataram sobre uma pauta importantíssima em suas crônicas, publicadas pela Folha de S. Paulo, na semana passada. Estamos atrasados diante da proibição das redes sociais para menores de 14 anos. Não é um trabalho individual, apenas familiar; trata-se do empenho coletivo entre o Poder Público, sociedade e Legisladores diante de um fato que está criando uma geração de zumbis. Uma geração aclamada pelo analfabetismo funcional e o isolamento social. Vive-se em Terra 2.

No último dia 18 de abril, Dia Nacional do Livro Infantil, em homenagem ao nascimento do escritor Monteiro Lobato que possuía uma frase célebre: “Um país se faz com homens e livros”, participei de diversas rodas de debate que aconteceram em um dos colégios, os quais sou professor, e lá, no Colégio Santíssimo Sacramento, a escritora Edla, autora de livros infantis, membro da Academia Tubaronense de Letras, trouxe a sua preocupação em relação ao uso das redes sociais pelos jovens, e falou da situação em que seu filho se encontrava como dependente das redes sociais. O fato se encerrou a partir do momento em que ela o levou até a cidade de São Paulo para que o tratamento a esta dependência fosse realizado. Hoje com o tempo que o filho se dedicava ao celular, ele chega a ler até 25 livros por mês. Este é mais um dos malefícios que o uso excessivo das redes sociais pode nos causar, a dependência.

Além disso, jovens, crianças e adolescentes, além dos adultos, estão trocando o contato físico, as relações sociais face a face pela facilidade e o egoísmo que as redes sociais proporcionam. Narciso grita. E com isso os casos de depressão aumentam. Famílias criticam o uso, todavia ficam muito mais tempo nas redes sociais do que seus pupilos. Cronos foi absorvido e deu espaço ao ingrato sonho tecnológico. Estamos sendo abocanhados e engolidos vorazmente pela facilidade que a tecnologia nos traz. Perdemos a capacidade de resolvermos o fácil, portanto, o difícil tornou-se impossível.

Espero que cada vez mais tenhamos o apoio da sociedade, porém, se os órgãos públicos não olharem com carinho para esta situação, assim como a Escola vem olhando e trabalhando, ficaremos órfãos das relações sociais face a face. Imagine o Rei Roberto Carlos, hoje, cantando que queria um milhão de amigos. Para ele, isso seria fácil de conseguir. Mas, será que é essa a amizade que ele procurava? Leiamos…

*Sérgio Sant’Anna é Professor de Redação no Poliedro, Professor de Literatura no Colégio Adventista e Professor de Língua Portuguesa no Anglo.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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